O Poder das Fotografias



 


Nos primórdios dos tempos, congelar uma imagem, lá pela Idade Média, seria visto como um ato de bruxaria, pois estaria associado a "feitiços para capturar a alma".

Se fosse hoje em dia, estaríamos todos na fogueira. Não é mesmo? Kkk

Ainda bem, a primeira máquina fotográfica foi inventada um pouco mais tarde e ninguém precisou ser queimado por isso.

Um trambolho de mais ou menos 50kg, feito de madeira e lentes de latão.

As primeiras imagens, tiradas da janela da casa de um dos inventores, ficou "bem mais ou menos", pra não dizer "terrível". Um "borrão".

Louis Daguerre, me perdoe por esse comentário infame.

Nessas primeiras fotografias continham ferro, ouro ou vidro. Dá para acreditar?

Além de caríssimas..."perigosas". Kkk

Agora quem tem que me perdoar por dizer que eram "perigosas" é a professora de Arquivos Especiais. 

Pois é assim que as fotografias são classificadas na Arquivologia.

Sim, nós estudamos sobre isso também. 

Já sei, já sei. "Lá vem ela dizer que eles estudam tudo".

Tudo, tudo, não, mas quase tudo. Kkk

Pude relembrar nessas aulas sobre as fotografias da época em que usávamos rolos e mais rolos de filme, geralmente da Kodak ou Fuji. 

12, 24 ou 36 poses. (Quem tinha rolo de 36, era rico, Kkk).

Na hora de ir buscar as fotos reveladas no estúdio fotográfico, sempre vinha um susto acompanhado de tristeza pelas fotos que "queimavam" ou pelo desastre do fotógrafo da família ter cortado as cabeças, os pés, ter pego as pessoas com os olhos fechados, abrindo a boca ou pior...ficavam todos com os olhos vermelhos.

Ver essas fotos era um misto de alegrias e tristezas. Um desastre.

A tecnologia chegou e apagar as fotos digitais que não ficavam boas, se transformou em um alívio e menos prejuízo financeiro.  Fotos mais bonitas e dinheiro no bolso.

Tudo mudou.

Telefones celulares com câmeras embutidas. Todos teriam acesso.

 A era das "selfies". E dos filtros.

Softwares especializados para retirar imperfeições ou aplicar mudanças.

E aquela ideia de "capturar a alma" ficaria só na imaginação do povo da Idade Média...


Camilla Bellini, Mestra em Oceanologia e Fotógrafa.


Naquela correria do dia a dia, passei voando pelo pavilhão e vi uma exposição de fotos na parede.

Bati o olho em uma, dei a ré e parei. Fui olhar mais de perto.

Não sei quanto tempo fiquei em pé, parada, em frente aquela fotografia.

Quem passou pelo corredor e me viu ali, estagnada, com certeza achou que eu estava sendo "enfeitiçada".

A imagem eram ondas da praia do Cassino, completamente revoltas.

Dava para "sentir" o vento e a "agressividade" delas.

Na descrição da imagem, um trecho que começava assim: "A vida invariavelmente se impõe"... 

Mil coisas passaram pela minha cabeça com essa frase e aquela imagem.

A força da água, conduzida pelo vento, abrindo caminho para chegar até a beira da praia.

Desafiando a gravidade, equilibrando o movimento, interagindo com o fundo do mar para seguir em frente.

Tirei foto da foto. 

Compartilhei. 

Coloquei de fundo de tela.

Abria ela no telefone e às vezes me pegava lá, na "beira da praia" sentindo o vento e vendo a vida avançando com fúria.

"Camilla, Camilla, o que fizeste com a minha alma"?

A capturada, fui eu.


"Me chamo Camilla Bellini e nasci em Caxias do Sul, vim para Rio Grande em 2005 para fazer o curso de Oceanologia. 

Em 2010 me formei e logo após a formatura morei um ano em Fernando de Noronha, eu acredito que foi lá que começou minha paixão por fotografias, pois foi a primeira vez que tinha conseguido comprar uma câmera fotográfica e ela me fazia companhia por todo o tempo que estive na ilha. 

Depois de morar no arquipélago eu fiz parte de um projeto de mergulho itinerante pela costa do Brasil onde nosso maior objetivo no projeto foi fazer um cadastro de todas as operadoras de mergulho recreativo no nosso litoral.

Essa viagem durou 9 meses e durante esse tempo eu era a responsável pelas fotografias terrestres e também de fazer uma descrição oceanográfica de cada ponto de mergulho que visitamos. 

Após isso morei alguns anos na capital São Paulo e entrei no mestrado em Oceanografia Biológica na USP, momento em que fui morar em São Sebastião no litoral norte de SP. 

Lá comecei a trabalhar com boias oceanográficas e após o mestrado e um período de 3 anos retornei para Rio Grande em 2017 para continuar trabalhando com as boias oceanográficas no projeto Simcosta dentro da Furg. 

Durante a pandemia foi quando consegui dinheiro para comprar um kit da Canon com 2 lentes e uma câmera semi profissional SL3 e são esses os equipamentos que uso desde então, além de um iphone 13. 

Sou apaixonada pela praia do Cassino, principalmente pela vastidão horizontal, pelos pores do sol, nasceres da lua e pelas frentes frias que são comuns durante o inverno. 

A fase do ano que eu menos retrato a nossa praia é justamente no verão, pelo excesso de tráfego veicular e deficiência das aves eu não consigo enxergar tanta beleza, como na praia deserta, selvagem e ventosa dos meses de inverno. 

Sempre morei no Cassino e atualmente trabalho na Proinfra na Furg, e tenho desejo de um dia poder trabalhar somente com minhas fotografias".

Acervo Camilla Bellini

Instagram: @caca_oceano



















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