Arquivo Vivo: Pós-Enchente
"O que é um Arquivologista? É aquela pessoa que fica separando papéis em uma sala-depósito cheia de caixas sujas que tem nome de Arquivo Morto?"
Um mini infarto atinge 9/10 Arquivistas, quando ouvem esse tipo de coisa. Kkkk
É culpa do povo? Não.
Falta de informação, causa confusão.
Por isso, estamos aqui.
5 meses já se foram, desde a enchente no Estado.
Ainda estamos nos recuperando disso.
Não foi, e não será do dia para a noite.
Algumas perdas, são irreparáveis.
Mas, felizmente, outras, ainda há recuperação.
Projeto: Resgate dos Documentos da Escola Estadual de Ensino Fundamental Barão de Cerro Largo, atingida pela enchente.
Professor Doutor Bruno Henrique Machado.
Colaboradores: Thaís Duarte, Yasmin Jodar, Douglas Vieira, Luana Alvarez, Lucas Albernaz, Valtair Neto.
Bueno, o Projeto História de Pescador - Um Arquivo Comunitário Digital, teve início após uma aula com o Professor Bruno.
Quem o conhece, sabe o tanto que ele fala e o tanto de informação que ele traz. Sobre tudo na vida.
Mais uma vez, estávamos em sala, quando ele falou do pedido de socorro da Escola do Barão do Cerro Largo, com os documentos que foram encontrados debaixo d'água na enchente.
Desespero, é o nome, após ouvir isso.
Um documento, só parece importante quando a informação que precisamos está contida lá, caso contrário, ele é esquecido.
Uma mera folha de papel, pode te ajudar ou te prejudicar.
Não é verdade?
Tudo bem, tudo bem, hoje com mais acesso à tecnologia, os papéis são menos utilizados.
Mas, quando tudo falha, e as coisas falham, recorremos as boas e velhas caixas, guardadas com pastas, contendo registros da época dos nossos tataravós.
Tô errada?
Com a água invadindo o Estado, várias Instituições foram afetadas, e muitos pediram ajuda no resgate de seus documentos.
Vários Arquivistas entraram em ação.
Alguns tendo que resgatar memórias das aulas de restauração e conservação.
E é coisa, viu?
É tanto apetrecho, que tem que sair de casa com uma mala. Kkkk
Isso quando não tem que parar o trabalho, para ir comprar algum tipo de instrumento, que traga menos dano ao documento, que já está fragilizado.
E as EPIs, quem vê, parece que estamos nos equipando para entrar em uma sala de cirurgia.
Foi nesse momento, que boa parte da Escola parou ao nos ver entrando na sala de toucas, jalecos, luvas e máscaras.
As crianças vieram até a porta ver qual era a do rolê. Kkkk
Para nossa surpresa, as caixas ainda estavam molhadas. 5 meses depois.
Documentos contaminados.
O desespero bateu de novo.
Tantas vidas e informações correndo risco de perda total.
Com muito cuidado, começamos uma operação para tentar secar, e logo em seguida, surgiram os problemas.
Para os brasileiros, problema é bobagem pouca.
Um pensa daqui, outro pensa dali, leva pra lá, puxa pra cá, usa ali, devolve aqui...
Nossa movimentação atraiu os curiosos para a porta da sala.
Algumas horas depois, trabalhando em conjunto, enquanto fazia algumas piadinhas como o alto risco de periculosidade, também os benditos grampos enferrujados, presos nos papéis de tal forma, que a única opção era arrancar com os dentes, e a foto de todo mundo em pé no paredão, como se todos tivessem sido pegos pela polícia em flagrante, 5% dos nossos problemas foram resolvidos.
Complicado, né?
Ok, "fecha a conta e passa a régua" por hora.
Deixa os 95% dos problemas para amanhã.
Esse é um trabalho cuidadoso e que demora.
O "start" pelo menos, foi dado.
Voluntários da área são bem-vindos nessa missão.
Trabalho tem, viu?
Não só a Escola, mas outros locais na cidade precisam de ajuda.
O "Arquivo Morto", já caiu em desuso, pois se depender dos Arquivistas, ele continuará vivo, e bem vivo.
Imagens: Acervo Pessoal
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