Por Trás Das Cordas
Dizem que a música é "uma linguagem universal".
Pois bem...analisem comigo este caso real: Final da tarde de Domingo, que por si só, já dá aquela "bad".
Meus vizinhos decidem entrar em um "ringue musical", sobre quem tem o gênero mais interessante. Então, vieram pelo menos 4 tipos diferentes.
Começamos com o Gospel, passamos ao Sertanejo, pulamos para o Pancadão e finalizamos com os Flashbacks. Cada casa, um gênero.
Quem ganharia?
Um debate seria criado e vários grupos tenderiam para o que mais lhe agrada. E outros grupos surgiriam com novos gêneros.
Julgá-los-emos por suas escolhas?
Não.
A música traz liberdade e geralmente expressa o que estamos sentindo.
Sou muito suspeita para falar sobre esse tema.
Lembro de já na 7°série levar fitas cassete (sou jurássica mesmo) do Legião Urbana para estudarmos as letras das músicas nas aulas de Português da Professora Maria Aparecida Roxo Rodrigues (Cida).
Tri parceira era ela. A professora e as músicas. Kkk
Outro exemplo sobre não conseguirmos explicar esse poder transformador, é de Ludwig van Beethoven que compôs a mais famosa e grandiosa sinfonia, a 9°, "Ode a Alegria", surdo. SURDO. Completamente.
Fico imaginando as notas martelando na cabeça dele e ele dando uma "surtada" básica.
Poderíamos escrever teses sobre isso. Kkk
A música é imortal.
A música ensina.
A música transcendente.
A música cura.
Leonardo Soldera, Músico e Educador.
"Uma música favorita...?
Não tenho, sou muito eclético. Meus gostos são muito variados.
Gosto de música clássica, oriental, árabe, indiana, celta, judaica, brasileira, flamenco, tango, música latina, arias de ópera...então não tenho uma favorita.
Tem músicas que eu gosto mais por um período em que estou vivendo, mas daqui à pouco, vou na internet, YouTube e procuro músicas aleatórias, querendo escutar alguma coisa totalmente diferente.
E nunca me satisfaço, porque nunca encontro.
Normalmente procuro música de qualidade. Meu gosto musical é bem estranho.
Meu ouvido é assim: se escutar a primeira vez, pode ser o suficiente. Percebo as nuances logo no início.
Essa é a minha paixão, poder inovar.
Me tornei músico quando eu quis aprender violino.
Fiz aulas na Escola de Belas Artes, por incrível que pareça, o violino me escolheu.
Queria fazer aulas de piano, quando cheguei na Escola a Secretária me disse que não havia mais vaga para piano, só oficinas de violino.
Na minha cabeça, a 'oficina de violino' era fazer o violino. O instrumento. Isso é pra ti ver, como eu não tinha ideia.
Fui fazendo o trajeto pelo corredor e comecei a ouvir o violino do Professor Paulo Penha. Lembrei de várias músicas eruditas: Danúbio azul, Quatro Estações de Vivaldi, que eu nem sabia os nomes, mas gostava das propagandas, como o 'Vinólia' e outras como a 5° sinfonia de Beethoven.
Me veio a paisagem sonora na mente.
Quando cheguei na Sala, ouvi o som do violino e me apaixonei.
Ele tocou uma música muito linda, fiquei adorando por muito tempo: 'Meditação de Thais', de Jules Massanet, compositor francês.
Me deu uma sensação de endorfina e paralisei o corpo. Com isso, pensei: 'Báh! É isso que eu quero tocar!'
Acabei virando educador.
Estudei Letras na FURG, por muito anos dei aula de Português e Literatura.
Comecei a dar aulas de violino com meu amigo José Daniel, músico e professor de violão na Unipampa. Ele fez mestrado, doutorado, morou em Portugal e tocamos juntos por um bom tempo.
Ele tinha uma Escola, a Espaço Musical JD, e eu comecei a dar aula lá e isso me fez decidir pela carreira da música. Encontrei vários músicos e me senti muito bem naquele meio. Foi ali que fui incentivado a fazer faculdade.
Passei no vestibular de Bacharel em violino na UFPel e depois fiz Licenciatura em música na Universidade Claretiano.
Fui professor em 2012, antes da formação.
Prestei concurso para a Escola de Belas Artes e estou lá até hoje.
Gosto muito de projetos educacionais, acho importante incentivar os jovens a conhecer a cultura através da música.
Todas as boas coisas que ela nos dá.
Mais inteligência e melhora nosso aspecto cognitivo.
Leciono na Escola de Belas Artes Heitor de Lemos, violino e história da música.
Na história da música faz só umas 3 semanas que comecei. Mas, é tão interessante ver as músicas dos povos: assírios, sumérios, gregos, romanos. É uma coisa muito legal.
Criei um Projeto com o grupo da SMED, eles me deram todo apoio.
Começamos em 2003 e levamos a música étnica e mais aspectos da cultura da cidade, a colonização portuguesa, influência dos africanos e indígenas, patrimônio histórico, com a gastronomia e aspectos musicais.
Também trabalhamos musicalização com as crianças. Levando essa coisa viva para as escolas municipais.
Temos o projeto 'Um olhar para nossas raízes', do núcleo de Biblioteca da SMED e mais dois músicos, o William Fagundes, especialista em música nativista e música latina e a Luana Medina, que é uma excelente cantora.
Também temos um trio, que é o América Lusitana Trio, músicas brasileiras, fados portugueses, músicas latinas e músicas daqui do sul.
Vamos nos apresentar na Festa do Mar - dia 17/04/2025, perto das docas, perto da Biblioteca Rio-Grandense, ao meio-dia.
Estendo o convite à todos!
Tenho muitos projetos e o desejo de tocar em hospitais e asilos.
Ainda quero dar aulas de coletivo de violino e formar orquestra com pessoas, crianças, jovens e adolescentes em estado de vulnerabilidade social.
Para finalizar...queria deixar registrado que toquei em tantos casamentos, que já casei mais pessoas do que padres e pastores. Kkk. E isso é uma coisa gratificante".
Imagens: Acervo Pessoal Leonardo Soldera
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