Luz, Câmera, Ação: Cinema



Rio Grande tem suas histórias.  E seus moradores, seus arquivos e memórias. 

Eu já estava fora da cidade, quando comecei a conversar com o Sr. Antônio e ele pôde contar- me a sua. 

Já na estrada, de Férias, eu pensei como poderíamos fazer para marcamos um dia e horário. 

Nem foi preciso pensar muito. Ele me deu todas as dicas e lá estava eu, absorvendo as memórias dele.

Antes de ir dormir, comecei a fazer anotações para não esquecer. 2 minutos depois, peguei  no sono e quando acordei, pensei: "Descanso? Acho que não... Seu Antônio me aguarda".

Acho engraçado muitas vezes, como as coisas se entrelaçam. 

Quando estamos de férias ou temos uma folga, hoje, em 2024, uma coisa que passa pela cabeça é: pegarmos o controle da TV, o notebook, tablet, celular, o eletrônico que tivermos à disposição, sentarmos no sofá ou deitarmos na cama e ligarmos o aparelho com a tela: Netflix. 
Tendo um catálogo, que na América Latina, oferece em torno de 3.339 títulos de filmes, 1082 títulos de séries e 32.772 episódios. 

Não, isso não é propaganda.

Mas, é muita escolha, né? 
Deixa a gente confuso, perdendo um tempão escolhendo, para no fim, às vezes, não escolher nada.

Sem contar que tu pode fazer isso, em casa, de pijamas e pantufas.

Todo mundo gosta de um bom filme, mas hoje em dia, já não é mais um evento. 

Já não somos mais tão adeptos de sairmos de casa para irmos ao cinema. Muito menos, pensar nisso como um trabalho.

Diferente dos anos de 1970...


Por Antônio Masi, projecionista em cinemas do Rio Grande, colecionador de músicas de cinema e filmes clássicos. 


"Em 1971, trabalhei no Cine Teatro Leão XVIII, no Liceu Salesiano, da minha cidade de Rio Grande.
No início do meu trabalho em cinema, a minha função era pintor de cartazes dos filmes. Como esse, da foto do Giuliano Gemma. Mas, havia muitos outros.

Com o tempo passei a operador dos projetores. Mais tarde o cinema...

Em 1973 ele foi arrendado para um novo empresário, e ele fez um contrato comigo  me dando a liberdade  de trocar o nome do cinema para 'Cine Lido'.
Era conhecido como: "O cinema dos grandes lançamentos".
E a liberdade também de trazer os grandes sucessos  da época de 70 e 80.

Na lista, havia:

'Era uma vez o Oeste'.
'Love Story'.
'Tubarão'.
'O Poderoso Chefão'.
'Irmão Sol, Irmã Lua'.

Nos anos 80, comecei a trabalhar em todos os cinemas da cidade.
Cine Glória, Avenida e 7 de Setembro.
Agora como operador, revisor dos filmes e também desenhista dos cartazes.
Eu gostava muito de fazer e desenhar os artistas dos filmes, principalmente do Western italiano, como a pintura do saudoso Giuliano Gemma, muito admirado pelos seus fãs, jovens da época. 

Agradeço à todos vocês que fizeram parte disso. 
Aí ficou um pouquinho da minha vida e história, do meu trabalho nos cinemas, da minha época dourada, da minha juventude.

Hoje, já estou mais velhinho e trago na memória  tudo de bom que o cinema me trouxe".


Imagens: Acervo Pessoal Antônio Masi

 

Comentários

  1. Parabéns!!!! Belíssimo registro de uma era. Cinema era tão importante que tinha até jornal especializado. Sim. O Peixeiro era distribuído gratuitamente até esgotar pelo editor e o secretário Álvaro Emílio. Tive o prazer de trabalhar no Peixeiro, à época encarte do Agora - O Jornal do Sul. Quanto ao Sr. Antônio, tenho encontrado para conversar nas feiras de domingo, onde animadamente se dispõe a conversar sobre artistas, filmes, orquestras e tantos fatos que fizeram o cinema. E ainda expõe vinis, CDs, tudo sobre cinema. Uma aula ao vivo. Obrigado seu Antônio!!!!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Seu Antônio é relíquia. Me fez pensar sobre hoje e a tecnologia que temos como a Inteligência Artificial que pode criar, montar artes para divulgação dos filmes, enquanto nos anos 70 e 80 ele precisava ter a habilidade de desenhar e pintar, fazendo com que ele desenvolvesse dons e talentos.

      Excluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Bibliotecas e Inteligências Artificiais

0,001 Milissegundos de Instantes Eternos

Arquivo Vivo: Pós-Enchente