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Arquivo Vivo: Pós-Enchente

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"O que é um Arquivologista? É aquela pessoa que fica separando papéis em uma sala-depósito cheia de caixas sujas que tem nome de Arquivo Morto?" Um mini infarto atinge 9/10 Arquivistas, quando ouvem esse tipo de coisa. Kkkk É culpa do povo? Não.  Falta de informação, causa confusão. Por isso, estamos aqui. 5 meses já se foram, desde a enchente no Estado. Ainda estamos nos recuperando disso. Não foi, e não será do dia para a noite. Algumas perdas, são irreparáveis. Mas, felizmente, outras, ainda há recuperação. Projeto: Resgate dos Documentos da Escola Estadual de Ensino Fundamental Barão de Cerro Largo, atingida pela enchente. Professor Doutor Bruno Henrique Machado. Colaboradores: Thaís Duarte, Yasmin Jodar, Douglas Vieira, Luana Alvarez, Lucas Albernaz, Valtair Neto. Bueno, o Projeto História de Pescador - Um Arquivo Comunitário Digital, teve início após uma aula com o Professor Bruno. Quem o conhece, sabe o tanto que ele fala e o tanto de informação que ele traz. Sobre tud

Puros-Sangues e Caramelo

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"Assim que o mau tempo passar, faço algumas fotos e te envio". A previsão do tempo não melhorou e a enchente chegou. Era final de Abril, quando Seu Manoel me enviou essa mensagem. Após nossa conversa, enfrentamos toda a tragédia, já muito conhecida, mundo afora. Com isso, duas histórias se cruzaram: "O Cavalo Caramelo se tornou o símbolo da Resiliência do Rio Grande do Sul". Ilhado, imóvel por 5 dias, no telhado de uma casa na cidade de Canoas, com seus mais de 300kg, sustentando seu peso, desidratado, superando seus problemas. O Brasil inteiro torceu por esse resgate, mas eu, sabendo apenas de alguns trechos, não havia acompanhado. Tinha tudo para dar errado. Mas, felizmente deu tudo certo. 2 meses depois...senti coragem de ver as imagens. Antes disso, tinha voltado a falar com o Seu Manoel e ele me contou que a água, havia chegado também na Cabanha: "A Lagoa Verde encheu bastante, uma loucura, fomos afetados um pouco, mas em comparação ao que aconteceu em out

Que Te Permanece de Pé

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"Vazante continua forte no acesso ao Porto de Rio Grande". "Altura da tábua de maré neste momento..." "Nó de vazante..." "Vento..." "Previsão de..." O mês de Maio, foi o mês em que a comunidade Rio Grandina mais buscou acesso à informações marítimas, enquanto as águas das enchentes passavam pela cidade, em meio ao caos, que o Estado estava (continua) vivendo. Áudios circulavam pelos grupos, nas mídias sociais, imagens de vídeos, fotos, tudo que fosse possível acompanhar. Algumas informações (às vezes não verdadeiras) nos deixavam de cabelo em pé, coisa que, de forma alguma, não nos fez bem. Vivendo no modo: Pânico. Já estava sendo absolutamente normal. Acho que não houve um gaúcho que tenha conseguido ter noites inteiras de sono. E houve aqueles que, preocupados com o bem estar da população, passavam seu conhecimento com calma, paciência,  acessibilidade, muitas vezes dando dicas do que fazer, como vedar portas e ralos, para a água não

"Deve Haver Alguma Coisa Que Ainda Te Emocione"

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Rio Grande, 17 de Maio de 2024. Abrigo Atípico Fábrica De Cordas/ Fábrica De Sonhos Proprietários: Zéh Catalunha e Rafael Albernaz Lopes Coordenadora Cibele Rocha - Coordenadoria Municipal dos Direitos das Pessoas com Deficiência e Altas Habilidades. 22h as luzes se apagaram. A agitação foi perdendo força até o silêncio tomar conta do ambiente. A escala da ronda noturna nos foi passada, intercalando de 2h em 2h, com a mudança  de posição dos trios. O grupo dessa madrugada foi recebido por um dos Coordenadores, Gabriel, que apesar de não dormir por 2 dias, continuava serelepe, e nos deu todas as instruções. Enquanto conversava conosco, ia se despedindo de outros voluntários, como um jovem Bombeiro, que estava feliz por seu macacão estar seco e ele não ter tido a necessidade de entrar na água e resgatar ninguém naquele dia. Foi nos dito que havia mantas e cobertores para nos aquecer, caso precisássemos.  Precisamos. Eu mesma, 2. Andando por todos os lados, enrolada, até o nariz, mas com

*Nota de Solidariedade*

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Nos solidarizamos com os devidos acontecimentos das últimas semanas no Estado, com as condições climáticas tão severas e a devastação acontecida. Reconhecemos o quão difícil tem sido lidar com o medo, contabilizar as perdas e pensar no recomeço. Da autora, que vos escreve, conhecendo as regiões, de Norte a Sul, Leste e Oeste, deste nosso Rio Grande do Sul, tendo nascido em Guaíba, vivido uma parte nela, mas também em Eldorado do Sul, Santa Maria, Santa Rosa e outras cidades, havendo retornado a Porto Alegre, tendo familiares e amigos nesses lugares completamente atingidos pelas enchentes, meu coração está desolado. A preocupação com as cidades de Pelotas, São José do Norte e RIO GRANDE, com a tarefa de receber esse volume de água, tão grande e enviar ao Oceano. Fica aqui, nesta nota, nosso profundo respeito a todos os afetados, a tristeza pelas mais de 345 cidades acometidas e as vidas levadas.  Mas também, junto com o povo gaúcho, a esperança da reconstrução. Neste momento, somos todo

0,001 Milissegundos de Instantes Eternos

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Combustão Espontânea. Já ouviram falar? Quem vê, parece que entramos em uma aula de Química. Calma, respirem. Prometo que vai doer pouco.☺ Resumidamente, é uma explosão sem explicação. No caso de hoje, temos uma explicação. Combustível + Oxigênio + Calor = Explosão. Na Espontânea, isso ocorre sem ajuda de condutores. Após o estouro, vem a Ignição (aumento da temperatura) e a Propagação (quando o fogo se alastra). Pronto, aula dada, acabou o texto, posso ir embora. Kkkk Mentira. Pois agora, chego no ponto principal dessa história. A cronometragem em que acontece a explosão: 0,001 Milissegundos. Um piscar de olhos.  Quando percebemos, já aconteceu. Paralelamente, um instante no nosso tempo: 0,001 - Milissegundos de Vida. 0,001 - Milissegundos de Alegria. 0,001 - Milissegundos de Respiração. 0,001 - Milissegundos de Sofrimento. 0,001 - Milissegundos de Arrependimento. 0,001 - Milissegundos de Dor. 0,001 - Milissegundos de Emoção. 0,001 - Milissegundos de Entendimento. 0,001 - Milissegundo

Rio Grande e Portugal Entrelaçados

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O que há entre nós? Além de um mar cruel, que brame, intensificando seu poder, mostrando que ele é o dono da razão. Dos dois lados, a luta entre a adversidade e a esperança, no meio, a força destruidora da natureza, com a resiliência do espírito humano. "Certa feita" (4 meses atrás) conheci o Sr. Luís Maria Magalhães dos Santos, português nato.  Estávamos no ponto de parada de ônibus e ele não parecia muito amigável. Ele iniciou a conversa reclamando do transporte público da cidade. Deixei ele desabafar com seu sotaque fortíssimo e aborrecido. Após isso, comecei com o meu interrogatório: "É mesmo? Quanto tempo faz que o Senhor mora aqui? Em qual parte de Portugal vivia antes?" Mais de uma década andando por Rio Grande, vindo da região de Nazaré. "Nazaré? Onde tem aquelas ondas gigantescas, com mais de 23 metros de altura?" Perguntei. De repente, ficou empolgado falando do mar assustador e de como morar lá, dava frio na barriga. Vi a expressão rude mudar pa